Decidi fazer homeopatia. Um psiquiatra que estava lá - que não mais se intitula psiquiatra, mas médico, depois de ter se tornado homeopata (eis o seu blog) - disse que as pessoas costumavam entrar mais tarde nessa forma de fazer medicina, lá pelos quarenta anos em diante. É quando se cansam do outro jeito de fazer as coisas, o que olha as pessoas de forma fragmentada.
Eu tenho trinta. Estive desencantado com a alopatia desde os dezoito. Começar estudando o corpo humano por ele morto talvez tenha sido uma das piores experiências que pode ter gerado um desgosto por tudo aquilo. Forçado a acabar a faculdade para ser diplomado médico, acabei por me acostumar com a forma de olhar as doenças como entidades independentes, atreladas a órgãos e não a pessoas e histórias de vida.
Especializei-me em medicina de família e comunidade. Parecia ser o mais próximo de uma medicina mais inteira. Como ela se encontra ainda muito presa ao sistema público de saúde, os fluxos ainda estão muito emperrados, pelo menos aqui no Ceará que, por estes anos, vem enfrentando muitos problemas com as verbas da saúde, mais do que a média nacional, acredito. Ademais, as possibilidade de se exercer uma clínica criativa esbarram-se com a pressão pelo atendimento infindo, rápido e, portanto, de péssima qualidade.
Apresentaram-me a homeopatia. Ouvir falar de um médium espírita que conquistou toda uma região do interior mineiro, nas cercanias de uma pequena cidade de nome Sacramento, prescrevendo receituário mediúnico com remédios homeopáticos. Sua biografia muito me cativou. Seu nome: Eurípedes Barsanulfo. Depois, tive a oportunidade de assistir à uma mesa redonda em um congresso onde deram a palavra à uma representante do Instituto Mineiro de Homeopatia. Descobri que eles tinham cursos relacionando mitologia grega e homeopatia, mas que precisava já ser especialista para participar. A especialidade era semi-presencial. Teria de ir doze vezes até lá. Estava preparado para enfrentar essa despesa, quando fico sabendo de um curso em moldes semelhantes aqui em Fortaleza.
É este curso que irei fazer. Sei muito pouco sobre o assunto. Já vi muita gente atacando esta doutrina médica. Mas, como sempre fui mais ou menos um cara que pensa na contra-corrente, isso apenas me deixou com mais vontade de estudar a fundo toda essa novidade e, sinceramente, penso em me dedicar a ela com militância e paixão.
Uma amiga que está fazendo pediatria e se subespecializando em alergologia disse-me que é preciso um pouco de fé para pender para a homeopatia. Cá entre nós: o que não precisa?
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