quinta-feira, 6 de junho de 2024

Divulgando minha história

Venho tentando divulgar o meu livro, o que significa divulgar a minha história e os mais diversos tipos de elementos simbólico-filosóficos que utilizei para narrá-la. Para isso voltei às redes sociais, buscando não me entregar à ânsia adoecedora de contabilizar os likes. Aqui e acolá, cerca de uma vez por semana ou quase isso, olho as estatísticas de visualização. Há um crescimento, não sei se muito. Engajamento ainda é pouco, quase nada.

Há alguns pacotes de livros na minha varanda. Houve pouca vazão, mas ainda não fiz nenhum lançamento oficial. Esses pacotes fazem as vezes de um sargento mandão que me cobra diuturnamente não desistir da divulgação. Dizem os entendidos que é preciso perseverança e, pior de tudo, exposição. Isso é o que adoece. Quando me exponho algo mais, em fugazes stories, já acho excessivo e me dá vontade de deixar tudo de lado. 

Paralelamente elegi um simbolismo para ir atrás. Quero fazer uma palestra em sete lugares. O número sete! Sete foram os dias da criação do mundo, embora o último tenha sido descanso. Sete são as moradas do castelo interior de Tereza D'Ávila. Sete são as cores do arco-íris. Percebi que sete são os espaços que marcam de forma importante minha vida. Senão vejamos:

  1. Cidade do interior da minha infância
  2. Centro Espírita
  3. Colégio Militar/Colégio do Ensino Médio
  4. Faculdade de Medicina que me formou
  5. Projeto Y (projeto de palhaçoterapia)
  6. Faculdade de Medicina em que fui professor
  7. Corpo médico geral que tenho como colegas
O centro espírita que frequento em breve abrirá as portas, estão vendo o dia mais apropriado. O colégio militar acaba de ofertar um púlpito amanhã para que eu tenha um momento com os jovens do ensino médio. A presidente do Projeto Y ficou de tentar organizar um evento que reúna antigos e novos.

Presenteei alguns médicos que mais me importam e já obtive retornos muito positivos com algumas críticas valiosas para melhorar a escrita dos próximos livros. Algumas escolhas que fiz, particularmente na segunda parte da obra, embora tenham parecido longas demais, enfadonhas, desconexas com o resto, haja vista, os capítulos quatro e cinco, tem motivos de ser assim: longos, enfadonhos, desconexos. 

O capítulo cinco não, mas o quatro, esse sim. Fala de um tempo da minha vida em que todas essas adjetivações poderiam ser dadas ao meu sofrimento. As pessoas se apaixonam pelo herói que começa pequeno, vai sofrendo achaques e, num crescendo, glorifica-se após a grande batalha. O público não gosta do cotidiano quebrado, de um martírio lento e pesaroso que vai intoxicando os dias quase imperceptivelmente. "A ideia da estrutura do capítulo foi boa, mas poderia ter sido menor". "O capítulo ficou grande demais, poderia ser mais enxuto". Gostaria de ter enxugado aqueles anos que descrevi, em vez de apenas o capítulo. Mas, passou. O livro termina bem. Superei-o. Não de todo. Quem consegue digerir por completo a morte da mãe. Da de papai, apesar de eu ter conseguido narrá-la de forma apoteótica, ainda me ressinto. Morte é morte. Ainda que se tenha a crença da imortalidade. Não sendo médium, é o que temos. 

O oficial que me recebeu no colégio militar hoje, enquanto esperávamos o comandante para que eu lhe pudesse propor minha palestra, me mostrava as fotos dos comandantes antigos. E foi pontuando do que este ou aquele havia morrido: da COVID, de um AVC em meio à COVID, este foi de um câncer, lutou muito, aquele de uma pneumonia, demenciou, ficou acamado, este foi da COVID também, este de um AVC, este aqui caiu em uma depressão profunda quando não foi promovido à general, tinha certeza que seria. 

Ah! Mas logo após me mostra o quadro dos mais antigos, dos luminares, dos que ficaram para a história tendo ocupado altos cargos do governo e dando nomes a grandes avenidas. E bem ali, o quadro de três alunos que ascenderam à mais alta condecoração do colégio, o Panteon, aqueles que nunca deixaram de tirar 1º lugar desde que entraram. Um é professor de física, depois de ter terminado o ITA, o outro é urologista e a última cursa medicina na USP. 

Quem eu mostrarei ser para aqueles meninos e meninas amanhã, às 7h, no auditório do colégio? Fui namorado da R, e também um alamarista, mas não tão comumente o primeiro lugar. Da legião de honra, mas quase que a perco um dia por ter batido em um colega. Filho de um médico que deu o nome para um hospital do sertão brabo do Ceará. Da faculdade de medicina, fui dos medianos, senão tiver sido os da rebarba. Fui namorado da L, da B. Formei-me, especializaei-me no que meu pai sonhava para mim. Pós-graduei-me. Cresci na carreira de algum modo. Encontrei uma mulher maravilhosa ainda no final da faculdade, a MF, amor da minha vida, com quem tive três filhos. Um deles me fazia companhia enquanto falava com o comandante, logo depois saímos para comer um salgado. Hoje à tarde terá consulta com o oculista. 

Com esse livro eu quero falar de "um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns." Haverá algo de mais extraordinário?