Quando entrei na faculdade de medicina, tive um baque. Completamente o que não esperava. Sei lá o que eu esperava! Não era aquilo. Aulas monótonas, conteúdo árido, livros indigestos, referências bibliográficas esparsas.
Tentei sobreviver. Com o tempo, alimentei repúdio contra tudo aquilo. Tudo. Tudo o que era medicina. Criei um blog, o des-medicina, cuja palavra de ordem era e-vis-ce-ra-ção. Colocar pra fora! Minhas entranhas. Aquela podridão. Meu corpo, o espírito rejeitava, reagia.
Eu fazia teatro: abandonei. Eu ensinava a crianças assuntos do evangelho: desisti. Tinha que me tornar medicina. Não consegui.
Três salvadores: O amor, A amizade, O humor. Casei com a mulher com quem reparto a vontade de envelhecer amando um ao outro. Cercaram-me amigos que me supriram de todos os meios para continuar estudando. Entrei em um projeto de doutores palhaços que pervertiam a figura do médico, a reinventando.
Hoje, seis anos de formado, criei gosto por tudo na medicina como nunca poderia imaginar. Sei pouco, quase nada em relação a tudo que vem pela frente, mas não paro de me encantar, de me desafiar, de querer mais. Especializei-me em medicina de família e comunidade, estou mestrando em saúde pública e, agora, fui convidado para ensinar neófitos graduandos.
Surge a vontade - a oportunidade - de tentar ensinar a medicina de uma forma completamente diferente. Como eu gostaria de ter sido ensinado?
Crio este blog para partilhar estas vivências. Que o erro seja o meu guia, para que por novos caminhos eu erre mais!
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