À convite, falei sobre o assunto.
O que mais temos que derrubar é a fácil confusão que se faz em ser um profissional humano e ser perfeito. O que as políticas de humanização falam é que não devemos negligenciar as várias dimensões do humano, que o acolhimento deve ser uma máxima e a escuta do sujeito uma prerrogativa.
Vou além e falo o óbvio: ser humano também é se autodestruir e trabalhar pelo extermínio do outro. Óbvio que não é isso que defendo para uma humanização das práticas de saúde, mas é um excelente lugar para se começar a problematizar.
Pensa-se ser óbvio a definição de ser humano, mas os antigos tinham uma definição (ser racional) que diferia da dos cristãos (ser criado a imagem e semelhança de Deus), diferente, por sua vez, da dos modernos (seres livres), destoante da dos biólogos (ramo da cadeia dos primatas).
Penso que a principal crítica que devemos guardar em mente é o quanto este sistema de produtividade de saúde em massa, gerador de e gerado por grandes tecnologias, vem nos transformando em máquinas de dar seqüência a protocolos. O que, pela nossa própria condição humana, nos faz facilmente deslizar para o desprezo pelas dimensões mais caras do espírito que é, ao meu ver, a nossa coroa.
A palestra que dei sobre esse assunto, então, tenta colocar em reflexão esse assunto que por muito tempo vai ser pauta de discussão até que consigamos superar essa dialética que, do ápice do ideal de esclarecimento, nos conduziu às trevas dos piores desvios éticos dos último séculos. A barbárie ainda dorme em nós. Devemos fazer o possível para que ela não volte a acordar.
Segue o link temporário da palestra: aqui
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